sábado, 9 de janeiro de 2010

Fragmentos

Tantos momentos num só dia e parece que eles foram tão superficiais. E o dia agora está acabando tão vazio.
Me perguntei quando dias não tem sido assim, semanas, meses, anos... Quantas vidas não tem sido roubadas pra manter a beleza do mundo que, embora saibamos que exista, não temos conseguido acessar? Quantos de nós não estão vazios, tristes, indiferentes? Quanto de medo ou de coragem é preciso pra mudar? De quantos olhos, ouvidos, bocas e mãos precisamos?

sábado, 26 de dezembro de 2009

Gosto de não conhecer as pessoas e amo-as por isso. Gosto de não falar com elas e só vê-las, enxergar-las e diferencia-las de todas as outras.
Prefiro não saber seus segredos e não acessa-las e assim fico querendo saber sobre elas. Gosto do mistério de não ter medo e não pensar sobre ter medo. E prefiro não acreditar que nos julgamos e nos rejeitamos. Tenho preferido não acreditar na indiferença e na ausência de tantos sentimentos humanos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

31.08.05

Eu sei que alguma coisa se perde quando se diz o que se está sentindo.
Eu sei que o mundo não pára porque estamos gostando de alguém.
Eu sei que alguém está morrendo neste momento.
E sei que amanhã tudo o que sinto se diluirá e não estarei mais aqui.
Mas, neste momento, você é minha distração, a lembrança gostosa que eu gosto de ter e até estou ouvindo o Pink que você me “sugeriu”.

Eu sei que não está chovendo porque não é tempo de chuva
Mas quem confia no tempo?

Eu sei que os pensamentos atrapalham as ações
Sei que escrever solidifica sentimentos confusos
Sei que o que sinto é meu e nada tem a ver com você
Assim como o que você sente é seu
E nada tem a ver comigo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Pergunte-me algo cuja resposta você sabe que é sim

Vem da janela

Por várias vezes senti seu cheiro durante esses dias.

Do seu cabelo, seu corpo, sua tatuagem.

E tenho ouvido um profundo silêncio.

Não me parece possível saber o exato momento em que as coisas se descobrem, assim como não é possível saber quando elas, de repente, mudam.

E agora essa ausência de algo.

É um vazio que teu cheiro preenche e que passa.

Um calor que sussurra e que passa.

Um olhar vazio, um passo em descompasso, um sentir frio, e um jeito de sorrir que vêm e que não passam.

A noite que achou de escurecer cedo por demais.

Esse frio que não vem pra aquecer...

E seu cheiro...

Vem da janela.

29/03/2009

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

"Prefiro que o meu silêncio soe como um acinte,
A ter de pagar pelas pungentes palavras pronunciadas.
As palavras ditas não por mim, mas pela minha soberba inata
No afã de sobrepor nossa razão às demais, à razão de todos:
- A razão que não existe.
E alimentando esse ciclo racional
Somos feridos por algo intangível,
Palavras que criam dores indeléveis, intransferíveis,
Podem ter um outro propósito, em outro lugar, para outro ser.
Quem sabe só nos resta submeter às contradições do Reino das Palavras,
Como nos ensina o Poeta das Sete Faces:
- Aceita-o, como ele aceitará a sua forma definida e concentrada no espaço."

Autor desconhecido
Transição
"O dia verteu-se em noite
Pórém os prédios pemanecerram inertes
Sob o ofuscamento soturno das luzes
E o som mórbido do asfalto.
Vertia-se em ilumiamento a lua,
Que já do dia não mais havia seu despojo:
Nem cantos, nem prantos, nem vida, nem nada."

Autor desconhecido

sábado, 5 de setembro de 2009

Presente (2005)

"Quando surgir o rubor no céu nesta madrugada, estarei de prontidão, sentado na macia cabeceira da cama, aguardando por mais algumas horas de sofrimento. Sofrimento este que se mescla com um vazio interior, ao mesmo tempo em que espero ancioso para o dia nascer e não precisar mais pensar nela, pois o trabalho me ocupará e assim eu temerei a hora de voltar para cama."
Exibição Cine Becos_Panelafro_Março 2007

Panelafro_Março 2007
Panelafro_Março 2007

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

domingo, 2 de agosto de 2009

As bactérias e os fungos decompõem restos de matéria orgânica que nutrem a terra, que nutre as plantas, que nutre os animais. E assim, podendo viver, podemos amar e podendo amar, podemos novamente viver.

Nos esquecendo das coisas pequenas, nos esquecemos também das grandes. Do tempo que leva para construi-las ou da sensibilidade para percebe-las quando o tempo delas simplesmente chega...
É preciso amadurecer. Vou esperar mais um pouco... Por esse tempo que volta a aparecer com força, por esse tempo que me instiga, angustia, amedronta e encoranja...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Sobre o aprender a escutar

Texto retirado do livro Quem educa marca o corpo do outro da autora Fátima Freire Dowbor

Lembro-me de ter lido, muitos anos atrás, um livro de um psicanalista, Denis Vasse1, que me marcou enormemente por esta imagem que o autor traz: “Quando o umbigo se fecha, a boca se abre...”.

Essa singela frase simplesmente enviesou meu próprio corpo naquele então, e o enviesa até hoje, pelo fascínio e espanto que senti ao saber que é pela voz que nosso corpo descobre e confirma que não é mais extensão do corpo do outro. Ou seja, nosso corpo é simbolizado pela voz dos nossos pais. Dessa forma, somos marcados desde cedo pela força da palavra, que nos introduz no mundo dos significados.

As lembranças que tenho de como fui iniciada no aprendizado da escuta e, por conseguinte, da fala, estão ligadas à voz do meu pai, que preparava meu corpo irrequieto, que não queria dormir, ao som das suas cantigas de ninar.

De certa forma, acredito que a escuta se tornou algo de prazeroso e importante na minha vida de educadora por ter sido significada pela voz de acalanto do meu pai. Aprendi a significar a gostosura que era me sentir amada, naqueles momentos, ao sentir que ele dedicava seu tempo a mim.

Coisa fantástica é a memória corpórea... sua capacidade de se fazer presente, viva, gerando movimentos, gestos e gostos que vêm de um tempo que acreditávamos esquecidos... E, no entanto, a nossa memória afetiva se encarrega de nos trazer tudo de volta.

Fui iniciada também no ato da escuta por minha mãe; cedo ela me pôs nas malhas, nos fios, do possível texto do outro. Já pequena eu me exercitava nos enredos das redes de significados que me invadiam e, de certa forma, eu me via levada a sempre ressignificá-los.

Pergunto-me se não data dessa época meu prazer de brincar com o simbólico, meu fascínio, minha paixão, minha curiosidade sobre as coisas não ditas e as ditas além do querer dizer. Essas vivências da minha infância marcaram tanto meu corpo que a sensação que tenho é a de que, às vezes, ainda hoje, eu vejo com os ouvidos e escuto com os olhos... Sensação estranha? Sim, talvez, mas gostosa de ser vivida. Foi assim que o aprendizado do ato de escutar entrou na minha vida, fazendo parte da minha história e da minha forma de estar no mundo.

O ato de escutar o outro é hoje para mim, como educadora, uma das primeiras posturas pedagógicas que trabalho com o educador no seu processo de formação. Descubro e redescubro sempre com cada novo grupo que formo, pelas resistências encontradas nos diferentes e inúmeros corpos nos quais já “pus a mão”, que é uma tarefa difícil.

Pergunto-me constantemente o porquê da nossa dificuldade de escutar realmente o outro. Que acontece com nossa capacidade de escuta? Falta de paciência? Falta de curiosidade pelo outro? Falta de tempo? Falta de espaço interno?

Nas minhas andanças pelas escolas, o que tenho visto são corpos sempre tão apressados que não conseguem parar para escutar. Na maioria das vezes são corpos que, além de estar sempre apressados, estão tão “cheios”, talvez de si mesmos, que se encontram impossibilitados de construir espaço interno para a escuta do outro.

Se quisermos escutar o que o outro tem a dizer, temos de estar com nosso corpo “vazio” para poder recebê-lo e, dessa forma, ser depositário da sua fala. “Corpo cheio” é corpo sem espaço para o outro; o outro sobra, está a mais. Fica como se estivesse a ver navios que nunca ancorarão no porto.

É por meio da escuta da fala do outro que o educador realiza sua intervenção. Sem intervenção no processo do outro, o ato de educar perde seu sentido e cai no vazio. No entanto, o mais complicado é que a caída no vazio no processo de marcar o corpo do outro não está unicamente atrelada ao ato de intervir ou não. Podemos intervir e, mesmo assim, constatar a caída no vazio da nossa intervenção.

Portanto, para que nossa intervenção crie forma no corpo do educando, é preciso que exista um saber não só sobre sua história de vida, como também sobre seu aqui-e-agora que está a viver. É preciso que exista um estar com o outro.

Se o ato de escuta é percebido e exercitado como instrumento metodológico de trabalho, o educador tem condições de realizar uma leitura mais adequada sobre as necessidades daquele a quem educa. Aprender a escutar o corpo dou outro está relacionado com o aprendizado do diálogo.

Sem escuta não existe diálogo. O diálogo requer troca, requer espaço interno, curiosidade amorosa e disponibilidade para o outro. Não sei bem o porquê, no entanto sempre associo um corpo dialógico a um corpo generoso e com mobilidade. Generoso, para crer que o outro tem o que dizer, tem contribuições a dar. Mobilidade, para poder criar espaços, dar cabida ao outro corpo. Dialogicidade e generosidade são amigas íntimas na minha fantasia. Uma alimenta a outra, são parceiras.

Às vezes me pego sozinha observando os corpos das pessoas e fico fascinada ao descobrir o quanto eles falam. O quanto dizem, às vezes, o que não querem dizer, ou, quem sabe, o que não ousam dizer pela fala. Por isso, de certa forma, aprender a olhar o corpo do outro traz consigo o aprendizado de aprender a escutá-lo, a observá-lo.

O aprendizado da escuta, por sua vez, está relacionado com o da fala. Quando o corpo está aprendendo a escutar, ao mesmo tempo está aprendendo a estrutura da oralidade da língua pelo discurso do outro. Dessa forma, vai construindo sua intimidade com a oralidade. É essa intimidade que possibilita a busca de uma oralidade própria, de uma forma de falar única por anunciar/denunciar o sentir, o perceber como cada um está no mundo e se sabe nele.

A escuta é tão importante quanto a fala porque ambas, quando bem equilibradas, possibilitam o aprendizado do silêncio. Corpo falante em excesso é corpo que não experienciou situações de escuta, de ser contido; foi pouco marcado pelo silêncio do outro, teve menos chance de poder significar o silêncio, de poder descobrir que existem diferentes tipos de silêncios. Como, por exemplo, o “silêncio falante”, o que tem força de marcar o corpo justamente pelo não dito. Sem a experiência do silêncio, fica difícil percebermos a importância e a necessidade do momento da fala quando estamos educando.

Sempre me pego refletindo sobre o poder da fala, da palavra na educação. E, às vezes, fico me perguntando se não construímos, de certa forma, um “império da fala” nas escolas. Gostaria mais se tivéssemos construído um “império dos sentidos”! Na verdade, devo admitir que não gosto muito da imagem de império... No entanto, é a que me veio a esse momento, enquanto escrevo.

Brincando comigo mesma, acho que o gostoso mesmo seria se pudéssemos juntar esses dois impérios, o da fala e o dos sentidos, para possibilitar a todos a quem queremos educar a delícia do aprender a falar e do aprender a expressar seu sentir.


1VASSE, D. O umbigo e a voz. São Paulo: Loyola, 1977.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Tortura contra indígenas Tupinambá na Bahia

''No dia 2 de junho, quatro homens e uma mulher dos Tupinambá (Ailza Silva Barbosa 49 anos, Osmario de Oliveira Barbosa 46 anos, Alzenar Oliveira da Silva 23 anos, Carmerindo Batista da Silva 50 anos e José Otavio de Freitas Filho 30 anos ) foram vítimas de tortura por agentes da Polícia Federal (PF) de Ilhéus, sul da Bahia. Esses policiais aplicaram choque elétrico nas costas e nos órgãos genitais de indígenas e usaram spray de pimenta.

Os Tupinambá estavam sendo forçados a confessar o assassinato de um homem, cujo corpo foi encontrado numa represa da Fazenda Santa Rosa, em Buerarema, município próximo de Ilhéus. Os índios torturados só foram soltos à noite.

No dia 25 de maio, os Tupinambá fizeram a retomada de parte de suas terras tradicionais invadida pela fazenda Santa Rosa. Na ocasião, os indígenas encontraram um corpo em estado de decomposição e informaram a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a PF. Horas depois da denúncia, agentes da PF entraram na área e levaram 15 indígenas presos. Após depoimentos, todos foram liberados, exceto Jurandir de Jesus, irmão do cacique Rosivaldo (Babau), pelo fato de que estava transportando alimentos para os índios, na área retomada, num veículo de uma empresa que prestava serviços a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Jurandir está sendo acusado de peculato, por utilizar o carro da empresa que aparentemente prestava serviços para a Funasa. O Ministério Público Federal (MPF) e a Funai impetraram Habeas Corpus (HC) no Tribunal Regional Federal da 1ª Região contra o decreto de prisão preventiva, pois o simples fato de Jurandir levar alimentos aos seus companheiros não ofende a ordem pública, nem se caracteriza como fomento a um possível crime de esbulho.

O objetivo da tortura dos agentes da PF contra os cinco Tupinambá era fazer com que eles confessassem a participação no crime de homicídio. Mas não obtiveram êxito, e à noite soltaram os indígenas torturados. Em seguida, os índios procuraram a Funai e o MPF, prestaram depoimentos e fizeram exames de corpo de delito, comprovando-se a tortura levada a cabo pelos policiais.

Contexto das torturas

Em outubro de 2008, a comunidade da Serra do Padeiro foi violentamente atacada pela Polícia Federal de Ilhéus, que causou indignação na sociedade nacional, inclusive motivou uma campanha da Anistia Internacional.

No dia 20 de abril a Funai publicou no Diário Oficial da União (DOU) o Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença com o total de 47.376 hectares dentro dos municípios de Buerarema, Una e Ilhéus. A partir dessa publicação intensificaram-se as ações discriminatórias na região de Ilhéus, no sul da Bahia. O povo
Tupinambá vem sofrendo, inclusive, ameaça de vereadores num intenso processo discriminatório por parte da imprensa da região. O empresário e pecuarista Marcelo Mendonça, Presidente do Grupo da Ação Comunitária, em sessão especial na Câmara de Vereadores de Ilhéus declarou que seus pares se armariam para impedir a demarcação.

Há uma campanha mentirosa por parte dessas pessoas, segundo a qual a demarcação da terra Tupinambá atingirá as sedes dos municípios onde ela se localiza. Nas ações, a Polícia Federal é acompanhada pelos fazendeiros das áreas retomadas.

Na ação da PF em 2008, ninguém foi responsabilizado pelo excesso e pelas ilegalidades dos atos, criando um clima de impunidade em relação aos abusos de autoridade de agentes e delegados da Polícia Federal.

Mais informações em: http://www.webbrasilindigena.org/?p=1551#more-1551&supports_ajax=yes

A fome no mundo

"Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado?

É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.

Os slides se sucedem.

Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.

Durante décadas, vimos essas imagens.

No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.

A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.

Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.

Resolver, capicce?
Extinguir.

Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.

Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.

Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia. Bancos e investidores.

Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar.

Se quiser, repasse, se não, o que importa?

O nosso almoço tá garantido mesmo..."


Autor ou autora desconhecid@

terça-feira, 21 de abril de 2009

Alunos da Oficina de Fotografia itinerante, organizada pela ONG Imagemágica, olham as fotos que foram tiradas em latas de tinta - pinhole.
Mogi das Cruzes / SP - Ago 2006

Recorte

Abri/2009
SP

Silêncio

Abri/2009
SP